Hemólise é quando ocorre o rompimento (lise) da parede das hemácias (glóbulo vermelho), liberando o conteúdo de seu interior no sangue. Esse fenômeno pode acontecer in vivo (doenças sanguíneas, congênitas ou adquiridas) ou in vitro (coleta, transporte ou triagem) e pode ser identificado em uma amostra de sangue centrifugada, já que o soro ou plasma ficará com o aspecto avermelhado (decorrente da hemoglobina liberada do interior da hemácia).

A intensidade dessa cor é proporcional ao grau de hemólise ocorrido. Entretanto, existem níveis baixos de hemólise, invisíveis a olho nu, mas suficientes para causar interferências em exames laboratoriais.

Para evitar a ocorrência de hemólise durante o processo de flebotomia é importante a padronização da fase pré-analítica. Abaixo, veremos as principais causas de hemólise e como evitá-las.

1) Causas de hemólise durante a coleta:

  • Calibre da veia e trauma: a punção de veias de pequeno calibre, veias frágeis ou tentativas de localizar as veias “às cegas” com uma agulha podem causar hemólise.
  • Preparar área da punção com álcool: a agulha pode transferir álcool presente na pele do paciente para a amostra sanguínea, ocasionando hemólise;
  • Utilizar calibre inadequado de agulha: agulhas de grosso calibre (inferior a 21G) podem produzir hemólise ao permitir que um volume grande de sangue entre repentinamente no tubo com grande força. Também, o uso de agulhas muito finas pode causar hemólise ao forçar esse fluxo a passar por uma abertura muito estreita.
  • Conexões soltas: conexões soltas entre um dispositivo de coleta de sangue e o adaptador Luer, entre seringas e agulhas, ou entre o cateter e o adaptador Luer, podem permitir a entrada de ar no sistema, produzindo espuma, que pode causar hemólise.

2) Causas de hemólise após a coleta:

  • Homogeneização da amostra: a agitação dos tubos de coleta com força exagerada pode causar ruptura das membranas celulares, causando a hemólise.
  • Métodos de transporte: sistemas de transporte pneumáticos ou outras condições que produzam turbulência e trauma das hemácias dentro dos tubos também podem ser causas de hemólise. Estudos comprovam que amostras transportadas por meios convencionais tendem a ter um risco muito menor de hemólise do que aquelas transportadas por sistemas pneumáticos;
  • Temperatura: temperaturas de transporte, centrifugação e conservação muito altas ou muito baixas também podem romper as membranas celulares, gerando a hemólise;
  • Centrifugação: velocidades excessivas de centrifugação podem causar ruptura celular. Além disso, a demora na separação do soro ou plasma também é um evento que causa a hemólise in vitro.

3) Como prevenir a hemólise

Dois pontos em comum entre as principais causas da hemólise estão na forma como as amostras são coletadas ou no manejo inadequado delas. Para sanar esse problema, o treinamento adequado e a educação dos profissionais de coleta podem reduzir expressivamente o número de amostras hemolisadas recebidas no laboratório.

Dicas para facilitar a coleta:

  • Calibre da agulha e veia: o calibre das agulhas para punção venosa varia de 19G a 25G, sendo o ideal os calibres 21G e 22G. Ao escolher uma veia, utilize a agulha com calibre apropriado para o acesso venoso. Se a veia for frágil, não se deve utilizar tubos de grande volume. Também é recomendado evitar a punção em áreas com hematomas;
  • Conexões soltas: certifique-se de que todas as conexões dos componentes de flebotomia estejam ajustados, como a conexão entre o dispositivo de coleta de sangue e o adaptador Luer, entre a seringa e a agulha ou entre o cateter e o adaptador Luer;
  • Enchimento incompleto de tubos: observe a etiqueta do tubo de coleta para a retirada do volume correto de sangue, garantindo a proporção adequada entre o sangue e o aditivo;
  • Coleta com seringa e agulha (sistema aberto): as coletas incorretas com seringa e agulha são causas frequentes de hemólise no sangue. Para evitar o comprometimento da amostra, deve-se evitar o sistema aberto  substituindo-o pelo uso do sistema fechado (vácuo);
  • Homogeneização da amostra: a mistura do sangue com os aditivos do tubo deve ser feita mediante inversões suaves e completas. Os tubos não devem ser agitados vigorosamente;
  • Temperatura: as amostras devem ser armazenadas e transportadas em condições controladas de temperatura. Também é preciso controlar a temperatura das centrífugas. É importante observar as recomendações de armazenamento e transporte para manter a qualidade do sangue coletado.

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Referências bibliográficas:

Sociedade Brasileira de Patologia Clínica – Fatores Pré-Analíticos e Interferentes em Ensaios Laboratoriais, 2018.
Greiner Bio-One
https://www.diagnosticosdobrasil.com.br/material-tecnico/hemolise-dicas-para-evitar-e-principais-causas-cartaz
https://www.phlebotomy.com/hemolysis.html